Inominável Ano 2 Inominável Nº6 | Page 67

Manteve vários blogues, dos quais o mais recente tem o endereço vidadevidro.blogspot.pt; colaborou em coletâneas de poesia, nomeadamente “A poesia nos blogues”, ed. Apenas Livros, 2006, “Escrever é um lugar tão perto”, ed. Apenas Livros, 2007, “Palavras de Cristal”, ed. Modocromia, 2016 e “Entre o sono e o sonho”, ed. Chiado Editora, 2013, 2016.

Atualmente faz parte do Grupo de Escrita Criativa da Universidade Sénior de Oeiras que publicou, em 2015, a coletânea “Se um dia…”, e em 2016 a coletânea “Crónicas… não só mas também” e do Grupo de Teatro da Universidade Sénior de Oeiras

Nº 6 - Fevereiro 2017

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fazia “redações muito bonitas”.

Mais tarde, já transportada para a zona de Lisboa, o facto de ter seguido um curso de engenharia salpicou a minha vontade de escrever com o pensamento lógico obrigatório a quem está nessa área. Talvez por isso, o meu refúgio era a escrita de diários mais ou menos românticos que fui rasgando ou perdendo, consoante as mudanças da vida, o casamento, o nascimento de duas filhas e, mal dos males, o emprego na administração pública onde, por acaso, quando era necessário dar algum colorido à uniformidade de informações e ofícios, aparecia sempre alguém que dizia: “a Alice é que tem jeito para isso!”.

Na realidade, só quando as filhas cresceram o suficiente para me parecer que o ninho estava vazio, pensei como seria bom voltar à escrita com gosto e por gosto. Iam, para aí, os anos dois mil e poucos e a Internet explodia como forma de comunicação. Alguém me desafiou a manter um blog, algo que eu não sabia de todo o que era, mas com que rapidamente travei conhecimento. Tinha 55 anos quando o meu primeiro post apareceu no blog “Mulher dos 50 aos 60”. A partir daí, foi uma longa viagem de descoberta de pessoas, de formas de escrever, de fotografar, de pintar… Depois desse blog, outros vieram e a vontade de escrever não parou, nem mesmo quando deixei de pertencer a esse mundo, por razões várias, nomeadamente por querer outras experiências e ter-me aposentado, o que me dava tempo para procurar grupos e pessoas que partilhavam os mesmos gostos.

Publicar nunca foi um objetivo nem uma ambição. Era uma mistura de preguiça com a sensação de não ter uma voz original. Algo aconteceu, há cerca de dois anos e meio, que modificou completamente essa forma de olhar aquilo que escrevo. Muito prosaicamente, nasceu um neto. Para mim foi poético e fez-me procurar tudo o que tinha espalhado por gavetas reais e virtuais. Escolher e organizar levou algum tempo mas, finalmente, em Dezembro de 2016, viu a luz o livro de poesia “Um pássaro antigo nos olhos”, obviamente dedicado ao Lucas, o meu neto. Quem ler esta justificação talvez se pergunte se só isto justifica que se publique um livro. Não sei nem me cabe a mim responder. Neste momento, a minha motivação é o desejo de que quem lê o livro se reveja, pelo menos, num dos poemas que lá estão. Se assim for, terá certamente valido a pena.

N

asci em Alenquer, na Estremadura, à beira do Ribatejo, no ano de 1949. O que então se chamava escola primária e liceu apanhou-me na zona de Torres Vedras, para onde a família se mudou. Este amor pela escrita deve ter nascido comigo, porque já na escola primária a professora dizia que eu