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Nº 6 - Fevereiro 2017

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Além dos livros por ler e dos livros a meio, tenho também os livros emprestados. Esses convém ler primeiro para fazer boa vizinhança e devolver aos donos o mais rápido possível. Imagino que se estejam a questionar para que quero eu livros emprestados. Já vos estou a ver desse lado a franzir as testas. Pois é uma pergunta válida para a qual eu tenho uma resposta perfeitamente lógica. Pelo menos na minha cabeça. Poupança é o motivo imediato. Para quê gastar dinheiro se posso ler sem comprar? É claro que é melhor ler um livro nosso, não exige tantas cautelas e pode-se sublinhar e fazer anotações (sim, eu pertenço a esse grupo de monstros). Mas essa não é a única razão para morarem livros emprestados cá em casa. Há pelo menos mais duas. Começo pelo “pedir um livro sem pensar”. Sou muitas vezes apanhada no calor do momento, significa que, quando alguém me fala de um livro com entusiasmo só há uma palavra que se forma na minha cabeça: “QUERO!” E verbalizo, ou seja, peço emprestado sem pensar que já há uma pilha de livros emprestados em casa. A outra razão é mais cruel. Acontece quando são os amigos que me obrigam a aceitar o empréstimo, os malvados! Na verdade, nem precisam de insistir por aí além, um simples “tens de ler” basta para me levar à certa.

Bom, mas com tantas hipóteses a ponderar a leitura seguinte continua por decidir. Chego a seleccionar um pequeno grupo de livros e leio o início de cada um deles. O que me agarrar ganha. Nem sempre se verifica esse agarramento, o que representa todo um outro drama. Deitar à sorte também é uma opção, assim como pedir a opinião do marido (enfim, mais ou menos como deitar à sorte).

Contudo, nem sempre me submeto a este processo cansativo. Vezes há em que um livro me escolhe. E isso, caros amigos leitores, é um processo milagroso que não posso explicar, mas que afianço ser garantia de uma leitura perfeita (ou perto disso).

Sobre os livros que nos escolhem guardo, acima de tudo, uma sensação de leveza e alívio por não ter de me consumir com decisões. E algumas histórias. Conto-vos da próxima vez.

Foto: Gil Cardoso