Detectives Selvagens 2- Medo | Page 97

Entre nós, o medo homens. Rogou-lhe clemência e misericórdia. Que Deus tivesse compaixão dela. Desde manhã que o ambiente no jornal estava um pouco tenso, as notícias do dia anterior davam conta de uma série de ataques relâmpago contra alguns jornalistas, na rua, à porta de suas casas, à entrada da escola dos filhos. Ao todo haviam morrido quatro pessoas, assassinadas com armas de fogo. O País estava em choque. E eles, os jornalistas, que naquele dia decidiram, apesar do terror instalado ir trabalhar, sabiam que não podiam calar-se, que não podiam vergar-se. Se o fizessem estariam a compactuar com o medo. António chegou à redação antes das nove da manhã e começou logo a escrever a sua crónica semanal. Tinha a cabeça a mil. Não conseguia concentrar-se, as imagens que vira na televisão sobre os seus colegas assassinados não lhe saiam da cabeça. Na noite anterior vomitara copiosamente, naus VF