Calma penada
ajeita o cabelo e limpa umas lágrimas e volta a inserir o
cartão e liga novamente, agora aparentemente calma, pelas
expressões parece estar a falar com outra pessoa, calculo que
ligasse à mãe, mas não me parece que fosse gritar com ela
daquela maneira. Volta a desligar o telefone e sai da cabine,
atravessando a estrada: percebo facilmente porquê: levanta a
mão e faz com que um táxi pare.
*
Chego a casa bastante mais cedo do que é costume,
tudo me parece diferente. Rodo a chave, a porta abre-se,
parecia estar à espera disto: sou recebido pelo silêncio de
uma televisão desligada e de uns filhos aparentemente
ausentes: a esta hora havia crianças a correr para uns braços
de um pai de cócoras, pasta pousada na entrada do corredor,
gravata a querer saltar, perguntas e façanhas do dia
desenroladas a um ritmo elevado mas hoje, agora, nada. Ao
dirigir-me para o quarto ouço a por FG,:2FR֖