Elia peattie (tradução de andré mendes)
As idiossincrasias do medo de O'Connor eram
uma fonte de diversão entre os seus colegas de escritório.
Faziam disso um desporto. Mas, ao reconhecerem-lhe uma
certa dose de brilhantismo, permitiam-lhe o capricho de, ao
fim do dia, chegar primeiro aos corredores iluminados, antes
de desligarem todas as luzes do escritório. Era um pequeno
gesto de cortesia, quase insignificante, para com alguém que
viam como o pedinchão mais encantador do mundo.
“Querido amigo” - dizia Rick Dodson, que o adorava “é o Diabo que estás à espera de ver? E se sim, porquê tanta
aversão? Seguramente o Diabo não há-de ser mau tipo?”
“Achas-lo um tipo porreiro?”
“A sério, Tim, custa-me a entender! Talvez um cidadão
do
mundo
e
arredores,
como
eu
próprio,
devesse
compreender melhor isto. E tu és um homem de bom senso,
apesar de alguns maus hábitos, nos quais se inclui a minha
companhia, por exemplo. Mas explica-me, este teu capricho é
algum problema mental? - o que, aviso-te, funcionaria a teu
favor. Quem é que não gosta de maluqinhos! - Ou será que
isto tudo são manias de quem caminha para velho? Ou
ainda, como eu suspeito, é algo mais esotérico, e,
consequentemente, mais interessante?”
“Rick, meu amigo, fazes demasiadas perguntas.” - disse
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