Detectives Selvagens 2- Medo | Page 40

Elia peattie (tradução de andré mendes) As idiossincrasias do medo de O'Connor eram uma fonte de diversão entre os seus colegas de escritório. Faziam disso um desporto. Mas, ao reconhecerem-lhe uma certa dose de brilhantismo, permitiam-lhe o capricho de, ao fim do dia, chegar primeiro aos corredores iluminados, antes de desligarem todas as luzes do escritório. Era um pequeno gesto de cortesia, quase insignificante, para com alguém que viam como o pedinchão mais encantador do mundo. “Querido amigo” - dizia Rick Dodson, que o adorava “é o Diabo que estás à espera de ver? E se sim, porquê tanta aversão? Seguramente o Diabo não há-de ser mau tipo?” “Achas-lo um tipo porreiro?” “A sério, Tim, custa-me a entender! Talvez um cidadão do mundo e arredores, como eu próprio, devesse compreender melhor isto. E tu és um homem de bom senso, apesar de alguns maus hábitos, nos quais se inclui a minha companhia, por exemplo. Mas explica-me, este teu capricho é algum problema mental? - o que, aviso-te, funcionaria a teu favor. Quem é que não gosta de maluqinhos! - Ou será que isto tudo são manias de quem caminha para velho? Ou ainda, como eu suspeito, é algo mais esotérico, e, consequentemente, mais interessante?” “Rick, meu amigo, fazes demasiadas perguntas.” - disse 40