A forma do medo
“Escrever um livro! Quem sou eu para cometer tal
atrocidade?”
Não percebia a posição extrema de Tim, mas
entendia que era perigoso enervá-lo desta forma. Procurava
compensar
estes
episódios
ao
preparar-lhe
pequenos
banquetes como ceia para quando chegasse a casa.
Tim preferia ter a esposa acordada à espera dele, e
exigia ter as luzes todas acesas. Se, devido a algum acaso,
voltassem ambos para casa estando esta às escuras, não
entrava até ter a casa toda iluminada.
Se por alguma razão as luzes se apagassem durante
a noite, e Tim acordasse na escuridão, gritava até que a
esposa viesse em seu auxílio, e, no meio de risos trocistas, as
ligasse de novo.
A esposa de Tim descobriu que, depois destes
sustos, Tim reduzia-se a um ser pálido e apático, tremendo
encolhido, deitado na cama. Alarmada, preocupava-se com
aquilo que considerava ser a sua galinha dos ovos de ouro.
Redobrou a sua atenção, seguindo-o cada vez mais de perto,
esperando aprender o suficiente para um dia poder dar um
fim às suas funções de ama.
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