Detectives Selvagens 1 - Setembro 2014 | Page 97

Há histórias e histórias dúvida e sem hesitar embrenhou-se e moribundo suspirou para o ar puxando do seu bolso mais um cigarro, acendeu-o e um vulto iluminou-se na escuridão “Bem-vindo, estávamos todos à tua espera, senta-te…” Aos poucos, vultos iam-se instalando ao redor da sala anunciando-se um a um… Encontrar, chamar, apelar, ouvir, persuadir, falar, sorrir, viver, sentir, esperar, sonhar, dizer, desvanecer, esmorecer, destruir, acordar, esquecer, desaparecer. Levantar, concentrar, reagir, ouvir, consciencializar, acreditar, amar… uma autêntica convenção verbal que o deixava claramente perplexo… “Onde estou? Estarei vivo? Morri naquele maldito apartamento ou nem saí de lá e isto é apenas um sonho? Respondam-me já!” “Calma, descontrai” disse suavemente a voz que anteriormente o recebera. Ele, sem nada perceber, seguiu a recomendação e esticou as suas pernas que tremelicavam numa ansiedade perturbante enquanto se questionava inúmeras vezes acerca da realidade e do sonho, naquele espaço só queria ter a noção de mais tarde vir a acordar e tudo aquilo não passar de um devaneio noturno da sua mente. Na complexa situação ateou mais uma extenuante dose de loucura em chamas. Aquele espaço era mágico e todos os vultos rodopiavam entre si, desenhando novas formas verbais que se iam fixando na sua memória fotográfica… A voz suave que o acompanhava desde o início desta jornada deslocou-se ao centro da sala e 97