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E
nche-se a janela do verde pasto primaveril, junto
ao riacho deixado pelas últimas chuvas de Abril,
corre pelo lancil do passeio até se ocultar no
mistério da sargeta, a aragem encarrega-se da boleia do
cheiro achocolatado das margaridas que ao chegar lá
acima se mistura na canela dos queques da vizinha
Augusta,
Maria Aparecida Silva e Lima, nascida na Vila Nova da
Barquinha, Ribatejo, em 1958, numa pequena casa saloia
onde a soleira dos degraus beija o leito do rio, sob o olhar
plácido e atento da lua quente de Agosto, mãe afectuosa
de 3, Francisco, Ricardo e Gonçalo,
As árvores comissariam orquestras espontâneas apenas
quebradas pelos berros dos miúdos a brincar lá em baixo,
o som longínquo mas presente recorda uma juventude
pueril, de pés na areia quente das praias algarvias com as
vozes distantes, embalam com aquele carinho maternal,
curiosamente aparecem antes do sonho e adormecem
antes do abrir de olhos, (um lamento, quiçá um lamento)
a vida lá se foi vivendo, a velhice não assusta, o murmúrio
que a morte segreda é companheiro de caminho, foi há já
uma eternidade que a idade cochichou baixinho por
contas de dedos, a doce melancolia do tempo, a
recordação estilhaçada da rua e do elástico, a velhice
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