Detectives Selvagens 1 - Setembro 2014 | Page 25

Where the light is primeiro, antes de pedir desculpa - "Não consigo fazer isto..." - e entrar em casa. Sem palavras, a única coisa que ele conseguiu fazer foi andar. Mais uma vez eu desejava não ser só o narrador. Queria fazê-lo voltar para trás. Mas ele não saiu da chuva e continuou a andar enquanto pensava no quão cego tinha sido. Havia meses que não pensava no que tinha acontecido. Havia meses que ansiava pelas sessões do alpendre. Queria saber mais sobre ela. Desde que se sentou naquele banco no bar que queria saber mais sobre ela. Queria tocar-lhe. Desde que ela pousou a mão no seu braço que lhe queria tocar. Mas para ele era difícil perceber aquilo que sentia, perceber o que se passava à sua volta, como sempre foi. Mas voltou para trás, a correr. Bateu à porta. Ela abriu, alguns minutos depois, ainda com lágrimas nos olhos. Ele, encharcado, magoado. Mas sorriu, e aquilo que disse a seguir fez com que ela também o fizesse... - Please, keep me 25 where the light is...