Where the light is
primeiro, antes de pedir desculpa - "Não consigo fazer
isto..." - e entrar em casa. Sem palavras, a única coisa que ele
conseguiu fazer foi andar. Mais uma vez eu desejava não ser
só o narrador. Queria fazê-lo voltar para trás. Mas ele não
saiu da chuva e continuou a andar enquanto pensava no
quão cego tinha sido. Havia meses que não pensava no que
tinha acontecido. Havia meses que ansiava pelas sessões do
alpendre. Queria saber mais sobre ela. Desde que se sentou
naquele banco no bar que queria saber mais sobre ela.
Queria tocar-lhe. Desde que ela pousou a mão no seu braço
que lhe queria tocar. Mas para ele era difícil perceber aquilo
que sentia, perceber o que se passava à sua volta, como
sempre foi. Mas voltou para trás, a correr.
Bateu à porta. Ela abriu, alguns minutos depois, ainda
com lágrimas nos olhos. Ele, encharcado, magoado. Mas
sorriu, e aquilo que disse a seguir fez com que ela também o
fizesse...
-
Please,
keep
me
25
where
the
light
is...