Diogo Serra
vivo”, lhe tinham suscitado curiosidade havia algumas
semanas.
Arranjou um lugar ao balcão, onde pudesse ver o palco.
Ainda só se ouvia o barulho da pequena multidão que se
tinha juntado lá dentro, a mesma que lhe tornava difícil o
contacto com o barman. Uma estranha aproximou-se dele.
Eu? Surpreso. Aquela face de desespero ainda não tinha
desaparecido:
- "Aposto que aquilo que vem a seguir consegue tirar-te
essa cara triste." - Disse ela, com um sorriso confiante e um
olhar desafiante. Tudo nela era belo, e em qualquer outro dia
suscitar-lhe-ia interesse. Em qualquer outro dia. Por isso a
resposta não poderia ser outra que não um encolher de
ombros e um sorriso de agradecimento, sem nunca tirar os
olhos do fundo do copo que repousava à sua frente. O
suficiente para o olhar desafiante dar lugar a um olhar de
preocupação, que a mim me deixou curiosíssimo.
- "Promete-me que ficas até ao fim." - Disse, num tom
sério, enquanto a sua mão repousava no braço dele.
- "Não te posso prometer isso. Nem sequer te
conheço." - Respondeu ele, sincero na sua vontade, sem
sequer olhar para ela, sem se mexer.
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