Detectives Selvagens 1 - Setembro 2014 | Page 22

Diogo Serra vivo”, lhe tinham suscitado curiosidade havia algumas semanas. Arranjou um lugar ao balcão, onde pudesse ver o palco. Ainda só se ouvia o barulho da pequena multidão que se tinha juntado lá dentro, a mesma que lhe tornava difícil o contacto com o barman. Uma estranha aproximou-se dele. Eu? Surpreso. Aquela face de desespero ainda não tinha desaparecido: - "Aposto que aquilo que vem a seguir consegue tirar-te essa cara triste." - Disse ela, com um sorriso confiante e um olhar desafiante. Tudo nela era belo, e em qualquer outro dia suscitar-lhe-ia interesse. Em qualquer outro dia. Por isso a resposta não poderia ser outra que não um encolher de ombros e um sorriso de agradecimento, sem nunca tirar os olhos do fundo do copo que repousava à sua frente. O suficiente para o olhar desafiante dar lugar a um olhar de preocupação, que a mim me deixou curiosíssimo. - "Promete-me que ficas até ao fim." - Disse, num tom sério, enquanto a sua mão repousava no braço dele. - "Não te posso prometer isso. Nem sequer te conheço." - Respondeu ele, sincero na sua vontade, sem sequer olhar para ela, sem se mexer. 22