Detectives Selvagens 1 - Setembro 2014 | Page 21

Where the light is É ali que ele dorme hoje. Até porque a cama ainda não chegou. E porque aquela voz lhe transmite a paz que ele precisa. - Keep me where the light is... III Dois meses depois da fuga e ainda as feridas ardiam. Agora com menos intensidade, ou com variações, mas ainda o limitavam. Tanto, que o isolamento passou a ser aquilo que mais sentido lhe fazia. O telemóvel, embora de novo com vida, ainda albergava muitas mensagens ignoradas e chamadas não atendidas. Tudo era vagaroso, o levantar-se da cama, o duche, as refeições, as tarefas em casa. Embora apenas um espectador, esta apatia já ultrapassava os limites da minha compreensão. Era inevitável o tentar que ele ouvisse algum dos meus gritos de raiva. E quando eu menos esperava, ele surpreendeu-me. Surpreendeu-me quando se deixou levar pelo ímpeto, que por sua vez quis quebrar a solidão e sair. Caminhar até ao bar mais próximo, aquele cujos cartazes, onde se lia "Música ao 21