Where the light is
É ali que ele dorme hoje. Até porque a cama ainda não
chegou. E porque aquela voz lhe transmite a paz que ele
precisa.
- Keep me where the light is...
III
Dois meses depois da fuga e ainda as feridas ardiam.
Agora com menos intensidade, ou com variações, mas ainda
o limitavam. Tanto, que o isolamento passou a ser aquilo
que mais sentido lhe fazia. O telemóvel, embora de novo com
vida, ainda albergava muitas mensagens ignoradas e
chamadas não atendidas. Tudo era vagaroso, o levantar-se
da cama, o duche, as refeições, as tarefas em casa.
Embora
apenas
um
espectador,
esta
apatia
já
ultrapassava os limites da minha compreensão. Era inevitável
o tentar que ele ouvisse algum dos meus gritos de raiva. E
quando
eu
menos
esperava,
ele
surpreendeu-me.
Surpreendeu-me quando se deixou levar pelo ímpeto, que por
sua vez quis quebrar a solidão e sair. Caminhar até ao bar
mais próximo, aquele cujos cartazes, onde se lia "Música ao
21