Detectives Selvagens 1 - Setembro 2014 | Page 18

Diogo Serra E quando chegou à escadaria, em jeito de flashback, lembrou-se de tudo aquilo que o tinha feito tomar aquele caminho. Do bom, do mau, dos inúmeros dias passados. Do bem que se sentiu naquele alpendre. Acompanhado, a ver a chuva, a conversar. Sempre com a mesma luz, a luz fraca. E antes de bater à porta fez um pedido a si próprio, talvez à sua sorte. Implorou. Não na sua língua. Noutra que tão bem lhe soa: - Please, keep me where the light is. Mas estou a adiantar-me. Para perceberem aquilo que se vai passar a seguir, ainda têm muito que saber. Esta é a história daquilo que o levou àquele alpendre. De quem o levou. II Posso dizer que estava ao lado dele. Embora não me visse, eu estava lá. E não foi uma viagem fácil para nenhum dos dois. Não que a velocidade fosse abusiva. Nem as manobras irresponsáveis. O que mais me preocupava eram as lágrimas que lhe caíam pela face. Os maxilares cerrados. A respiração acelerada. A seriedade assustadora. Ele estava determinado a esquecer tudo. Um novo começo, pensou. Por 18