Detectives Selvagens 1 - Setembro 2014 | Page 13

Água De BEBER quão entusiasmada havia ficado com um artigo sobre Bolaño que lera recentemente, assentiu e esboçou um sorriso de felicidade por ter o primeiro livro escolhido, haveria só que comprá-lo durante essa semana, tomando para isso nota na sua gasta moleskine negra. Essencial seria também levar literatura portuguesa, defendeu Henrique. Entre Memória de Elefante de António Lobo Antunes, para ele o melhor escritor português da actualidade, e Adoecer de Hélia Correia, a escolha seria óbvia se quem viajasse para Paris fosse Henrique e não Teresa (embora Henrique tivesse apreciado bastante o livro de Hélia Correia). Ainda assim, Henrique aconselhou-a levar Lobo Antunes, que não se ia arrepender, não poderia arrepender-se de ler algo tão bom num sítio tão belo. Após o almoço que durou mais de duas horas, já haviam, portanto, sido escolhidos dois livros, ambos por influência de Henrique, pelo que Teresa sentia que faltava algo dela naquela escolha. Despediram-se no Largo de Camões, ponto em que se separariam, Henrique iria pela Rua do Alecrim até ao Cais do Sodré apanhar o comboio para Cascais, Teresa pela Rua da Horta Seca que cruzava com a sua Rua das Flores. Abraçaram-se demoradamente, Henrique desejou-lhe boa viagem e pediulhe que não se esquecesse de enviar um postal de Paris, mas que fosse original, pois já tinha bastantes com a Torre Eiffel como pano de fundo. Teresa riu-se com ele, e prometeu que 13