Detectives Selvagens 1 - Setembro 2014 | Page 10

Madalena serra fim-de-semana, tinha de ir trabalhar. Sim, mas…, Continua lá a escrever o teu livro, que eu estarei no sítio que combinámos às 13h. Desligou e, enquanto pousava o telemóvel na bancada da cozinha, lembrou-se que Henrique seria a pessoa ideal para pôr fim àquela indecisão. Era mais do que entendido na matéria e conhecia muito bem os seus gostos literários. Dezembro tinha trazido as primeiras chuvas a Lisboa, acompanhadas de fortes trovoadas que, por vezes, se faziam sentir durante vários dias seguidos. Não raras vezes foram noticiadas cheias no Cais do Sodré. Naquele sábado, o dia amanhecera cinzento, mas perto de Teresa sair de casa, estranhamente, o sol começou a brilhar o que a fez retirar as luvas e pousá-las cuidadosamente na cómoda do quarto, haveria tempo para usá-las dali a alguns dias em Paris. Ao chegar à Rua Anchieta viu Henrique com o seu sobretudo cinzento, envelhecido pelo tempo. Mãos nos bolsos, olhar disperso, típico do Henrique, pensou Teresa. Este esboçou um sorriso quando a viu ao longe, aproximando-se lentamente dela. Cumprimentaram-se e entraram no restaurante. Henrique, não paras de me surpreender com as tuas escolhas, há cinco anos, jamais havia de acreditar que me convidarias para almoçar numa hamburgueria Gourmet. Bom, há cinco anos o conceito também ainda não estava bem desenvolvido, ripostou duramente 10 Henrique, ainda