HUGO PROENÇA
enlatada e hidrofilizada, sugada, insuflada, uma valente
banhada e uma carrego de fome. A pena de uma águia
xamânicamente transportada, descendo uma trepadeira, nos
cumes das nuvens, nas árvores nebulosas do Sul. Travessa de
binóculos sem presunção, pastel de lama de trincheira e dois
tiros de salva, porque o rei manda, e toca a banda. Banda
não incluída, talvez mais tarde, outra batida.
Dioptrias escaladas em girassol flan. Rabecas laminadas
e caramelizadas em carrossel d’elefantíases morais sazonais.
Tártaro de berbequim, chouriço de berbigão radiactivo, um
arbusto proactivo, bucho minado, vitupério estrelado. Às
vezes há baratas. Acompanham bem com caracol. Uma
cervejita e cai que é mole. Para quem não tem papas na
língua, míngua.
Pombo-correio no churrasco, privatizado, regado com
molho de natas de golfinho, puré de castanhas de manhas
tamanhas e jeans rasgados e desbotados, num frappé
prateado, de fino design nórdico, com três pitadas de lenta
menta flutuantes, enfunadas como velas, caravelas acesas
num mar de espinafres assarapantados com o custo de vida.
Carapaus de corrida.
Cogumelos levemente salteados em brandy e vinho
verde fresquinho, cuidado com o caminho, olhos de peixe em
mayonaise de resina de coqueiro, falta de pinheiro, e já os
povos da serra nos tinham ensinado que para comer a pedra
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