Detectives Selvagens 0 - Julho 2014 | Page 76

SÉRGIO MAK COSTA vermelha, que ia lançado a todo o gás e, de repente, olhou para cima como se estivesse a ver alguma coisa. Eu também olhei para cima e, quando voltei a olhar para ele, tinha parado e estava a olhar para mim, juro que foi o que me pareceu. Na altura até fiquei meio assustada, fechei a janela e fui à minha vida mas, umas horas depois, voltei e lá continuava ele, impávido e sereno. Depois... bem, depois foi o que se sabe”. O que se sabe é que nada se sabe ao certo, tirando por relatos indirectos. Jorge Bonifácio, por volta das onze e meia da manhã, trazendo dois sacos de compras na mão e envergando casaco desportivo verde seco, t-shirt branca, calças de ganga e uns ténis de marca já bastante usados, resolveu parar a cerca de oito metros da passadeira de peões que liga a praça Simões dos Santos ao bloco de habitações do Bairro do Salgado. Homem de aparente boa saúde, Jorge Bonifácio tinha à altura 37 anos e apresentava-se em forma física regular, talvez com uns quilinhos a mais, mas nada de grave. O certo é que ali parou e dali não arredou pé. Durante algum tempo a sua imobilidade não foi levada a sério, pensando-se que se trataria de um esgotamento ou outra qualquer maluqueira. Obviamente as autoridades foram alertadas pela sua esposa, Maria do Carmo Bonifácio, e não foi difícil darem com ele. No entanto e apesar de tecnicamente não estar desaparecido, visto que estava ali no 76