Detectives Selvagens 0 - Julho 2014 | Page 54

LOURENÇO BRAY ─ O país, pronto! Vais salvar o país. Nós tiramos-te daí da prisão, tens de sair daí, ir ao hospital e depois salvas o país. ─ Quero lá saber do país. O meu plano falhou. Eles não queriam salvar o planeta nem o país. Queriam neutralizar a espécie humana com uma espécie de anarquia catastrófica em que toda a sociedade colapsaria e o Bosque tomaria conta das ruas, irromperia pelos parques, edifícios de escritórios em ruínas e museus de história calcinados pelas minhas explosões. Já notava progressos, antes começavam esta sequência a falar-me do Universo, Via Láctea, Sistema Solar e por aí fora, até chegar à Mata de Lisboa. O Guaxinim pareceu adivinhar o que eu pensava porque saltou muitas etapas e chegou logo ao cerne da questão. ─ O Bosque. Salvas o Bosque, vá lá, por favor, juntas-te a nós outra vez, vá lá, vá lá... Estendeu as patas em súplica, era uma coisa que sabia fazer muito bem, estendia as patas em minha direcção como se me quisesse agarrar a cara e ia abrindo e fechando as garras em torno da ideia que lhe salvaria