Detectives Selvagens 0 - Julho 2014 | Page 36

JOÃO NEVES chegava da faculdade com a namorada eu já saía sozinho, aproveitei a bicicleta que lhe deste para mim (ele já não a usava) e ia dar umas voltas. A mãe gostava de umas namoradas, não gostava de outras: odiava que eles estivessem fechados no quarto. A mãe teve um desgosto muito grande com a anterior namorada do Bruno: chorava com pena que não tivesse resultado (embora eu nunca tenha percebido bem o que ela queria dizer com isto, aparentemente com a Filipa resultou: casaram e tiveram um filho, mas depois penso: e se se separarem, resultou na mesma? Se sim, que raio é resultar?), chorava mais que o Bruno, só o vi choramingar uma vez, e fê-lo prometer, vê lá a parvoíce, que ele nunca mais lá levaria uma rapariga a casa porque a mãe era pessoa de se apegar facilmente (era?) e depois custava-lhe muito a separação. Quem sofreu com isso foi a Filipa: muito discutiu o Bruno com a mãe por causa dela. Tu ias gostar dela: o Bruno usava muito esse argumento e com razão, ias gostar muito dela. Começou a missa, sentar, levantar, sentar, levantar. Os padrinhos do Bruninho são porreiros, o Bruno fez bem em convidar os amigos de infância deles: tenho a certeza que não ias concordar que o Miguel fosse padrinho do teu neto: especialmente depois de saberes que foi ele, não o Bruno, que partiu a tua carrinha a entrar na garagem. Vinham de um concerto (ainda por cima não me quiseram levar), o Miguel convenceu o Bruno de que 36