Detectives Selvagens 0 - Julho 2014 | Page 12

NINGUÉM oblíquo, último brinde, a vida de suas eternas, vindouras companheiras. Morte lenta, nem cães nem gatos as retiram de seu fim de relva. Onde paira o salvador de laranjas? Cortador de relva no pensamento. Onde anda o agricultor? O escritor deixou a dormir o que o pintor adormeceu. O filósofo tentou compreender, estudou, mas não adivinhou, sentiu, fugiu. Casa branca, para que te quero? Inalas a nona, inspiras a sesta da tinta e começas e abusas. Tuas janelas não sustêm o soluço de arte. Quem te ouve julga-te louca. Planta, deixa crescer. As laranjas que caíram, suculento suco trazem. Deixa que portas de luz abracem teu grito. Queria-vos dizer umas palavras, já que de palavras vivo eu. Numa noite ancestral e alegre como esta, O vinho escorre-me e o sábio visita-me por segundos. São vós a quem quero despertar. O mundo não é de sonhos, utopias, arte ou magia. Macacos vos fodam se pensais assim. Esta bola verde e azul não passaria de uma breve insonsa sombra Comparada com a beleza da sua potencialidade. Largai míseras insignificâncias. Benevolente abraço reinará em cada viela. Melhor fruto não terão. 12