dade. Na maioria, são prisões em flagrante pela polícia militar
que não decorrem de investigações realizadas pela polícia civil.
São delitos de varejo, sem uso de armas e sem confronto.
Este pequeno varejo de drogas, praticado por jovens de
baixa periculosidade, é agravado pelo sonho de terem um modo
de vida urbano baseado numa cultura consumista. Na falta de
escolas, de esportes, de saúde, de emprego, de uma cidade agradável para viver, o jovem passa a querer se afirmar por coisas de
marca, como o celular. Muitos escolhem se afirmar também pelo
heroísmo da marginalidade. É difícil se inserir na sociedade. A tarefa de resgatar esse jovem a partir de outra perspectiva de inclusão é uma missão do poder municipal.
Além disso, a construção de uma nova política para segurança pública com foco no município exige iniciativa e criatividade, inclusive na ação policial. Porém, essa criatividade é
atrapalhada pelo nosso modelo antiquado militarizado do
maior contingente policial, a polícia militar estadual, com sua
rigidez disciplinar. É fundamental reformular as polícias do
Brasil e engajá-las nas discussões com a sociedade, inclusive
em nível municipal.
O modelo policial e a questão municipal
O sistema policial brasileiro carece de uma reformulação
ampla, na gestão e nos propósitos. Antes de falarmos de desmilitarização e de reforma das polícias, comecemos com um exemplo mais simples de redefinição das atividades policiais. Em São
Paulo, por exemplo, o Instituto Sou da Paz constatou que grande
parte das emergências policiais tem a ver com desentendimentos pessoais, brigas de vizinhança e questões de família. São
ocorrências que não precisariam ser resolvidas pela polícia. Es90
Conferência Nacional sobre as Cidades – Governança Democrática