diversidade das obrigações dos municípios nesse setor em função, principalmente, do porte populacional, optamos por um recorte nesta imensa agenda que unifica todos os territórios no
que diz respeito ao compromisso da área pública municipal de
saúde com seus munícipes: a atenção primária.
Atenção Primária à Saúde
A crise global instalada nos setores públicos e privados de
saúde desencadeada por transições demográficas, tecnológicas,
epidemiológicas, nutricionais e ambientais alteram a situação de
saúde tanto de países ricos quanto de países em desenvolvimento. No Brasil, essa situação é agravada tendo em vista a tripla
carga de doenças: a predominância das doenças crônicas e seus
fatores de risco como tabagismo, sobrepeso, inatividade física,
uso excessivo de álcool e outras drogas, além da alimentação inadequada; a presença importante das doenças infecciosas, somadas às causas externas, que representam o terceiro maior fator
de morbimortalidade no país.
O desafio que encontramos para enfrentar este quadro sociodemográfico e epidemiológico é su perar a hegemonia de um
modelo de atenção que se apresenta inadequado e ineficaz em
sua resposta à sociedade. Nosso sistema público e privado de
saúde é organizado para dar respostas às condições agudas, enquanto a nossa carga de doenças demonstra que a maior morbimortalidade, algo em torno de 75%, está nas condições crônicas
de saúde,2 situação que necessita, para um cuidado adequado,
2 “As condições agudas são aquelas condições de saúde de curso curto que se manifestam de forma pouco previsível e que podem ser controladas de forma episódica e
reativa e exigindo um tempo de resposta oportuno do sistema de atenção à saúde.
As condições crônicas são aquelas condições de saúde de curso mais ou menos longo
ou permanente que exigem respostas e ações contínuas, proativas e integradas do
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Conferência Nacional sobre as Cidades – Governança Democrática