Conferência Nacional sobre as Cidades | Page 109

sões as manifestações de rua que atravessaram o país desde 2013 contra o governo Dilma e a presença do PT no governo, e a Operação Lava-Jato, no sentido de frear a força dos grupos econômicos encastelados no Estado e, ao mesmo tempo, afirmar a noção de que as leis valem para todos. Toda política cultural deve se adequar às realidades locais sem perder o vínculo entre cidade e universalidade. A política cultural, a partir dos municípios, deve estimular a liberdade de expressão, de manifestação e de respeito à diversidade. Deve proporcionar o acesso mais amplo possível aos bens culturais, visando a garantir ao cidadão a preservação de seu patrimônio cultural e, ao mesmo tempo, possibilitar a ele sua elevação e progressão. Em suma, a política cultural que propomos deve fazer jus a uma ideia de que a cultura é uma esfera social e humana que supre e, ao mesmo tempo, gera novas necessidades culturais. O engajamento do poder público municipal no desenvolvimento da cultura, em articulação com os outros entes federativos (estados e União) vem da consciência de que a produção cultural não é capaz de sobreviver a contento numa sociedade predominantemente mercantilizada. Por isso, o impulso e o estímulo à criação artístico-cultural, bem como a sua renovação, devem procurar combinar suas ações, sempre que possível, buscando um equilíbrio com as exigências do mercado. Em essência, a cultura é produzida pela sociedade e ao Estado cabe o papel de ajudar a dar visibilidade a essa produção. Em nossa perspectiva, a legitimidade de uma proposta cultural se assenta na ideia de que, em nosso país, produzimos uma “cultura de fronteira”. Uma cultura que mescla conteúdo popular e caráter erudito. É um grande equívoco estabelecer uma “muralha chinesa” entre essas duas dimensões culturais da nossa formação histórica. Além disso, pode-se dizer que nossa cultura Cultura 107