A democracia sob ataque | Page 15

estagnar , crescia a olhos vistos , ampliando a sua sustentação social . O ensaio de Conceição e Serra , recusando o determinismo esquerdista , sinalizava para uma direção oposta da que ele preconizava – a resistência ao regime militar encontraria seu melhor terreno no campo da política . Como se sabe , essa inflexão está na raiz das lutas que nos devolveram à democracia .
Hoje , o imobilismo imperante na reflexão sobre a política entre os quadros dirigentes do PT , boa parte deles prisioneiros do slogan vazio do “ fora Temer ”, começa a ser contestado , tal como na importante entrevista do senador petista Humberto Costa publicada nas páginas amarelas da revista Veja ( edição de 22 / 2 ). Diz ele : “ O PT foi fragorosamente derrotado . O resultado das eleições obriga a gente a virar essa página . A população não quer isso que está aí , mas também não queria o que estava lá com a Dilma ”. E vai fundo ao negar que estaríamos sob a vigência de um estado de exceção , visando , ao que parece , a devolver a seu partido liberdade de movimentos na arena política a fim de tentar recuperar a influência perdida .
A reanimação do campo reflexivo entre os intelectuais e políticos é também animadora na comunidade dos economistas , envolvida na controvérsia suscitada por um dos seus notáveis , André Lara Resende , sobre as complexas relações entre políticas fiscais e inflação , em que um dos temas de fundo versa sobre o papel maior ou menor do Estado na economia , uma questão ainda em aberto não apenas entre os especialistas . Mas , tudo contado , ainda é lento o movimento reflexivo , tal como na economia a retomada de um ciclo expansivo . Enquanto esses movimentos não ganham maior vigor , o que importa é manter os antagonismos em equilíbrio , tema maior de Ricardo Benzaquen de Araújo , notável intérprete da obra de Gilberto Freire , que há pouco , infelizmente , nos deixou .
A retomada das atividades reflexivas
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