A democracia sob ataque | Page 116

leo e sem recursos para se financiar , o Brasil teve então de recorrer à ajuda do Fundo Monetário Internacional e , em 1987 , no governo do presidente José Sarney ( 1985-1990 ), pediu moratória da sua dívida externa por falta de reservas internacionais para o pagamento dos juros .
Somente no governo do presidente Itamar Franco ( 1992-1994 ), o país conseguiu renegociar a sua dívida externa , deixando ela de ser um forte entrave ao desenvolvimento nacional . O Plano Real , lançado em 1994 , ao derrubar a taxa de inflação de 2.477,15 % em 1993 para 1,65 % em 1998 , demonstrou que bons fundamentos macroeconômicos , entre eles , a sustentabilidade das contas públicas , são condição necessária , ainda que não suficiente , para a retomada do crescimento .
Diferentemente do “ milagre econômico ” do período ditatorial ( 1964-1985 ) e da tentativa infrutífera do Plano Cruzado , de 1986 , a queda da inflação não aconteceu por medidas artificiais , mas , entre outras , por melhor controle do gasto público . Ao buscar incentivar a economia , caminhar para um regime de responsabilidade fiscal e com inflação em declínio , o governo do presidente Itamar Franco colheu rapidamente bons resultados . Em dois anos , verificou-se uma expansão do PIB em 5,4 % contra o saldo negativo de -1,3 % dos dois anos anteriores do seu antecessor , o presidente Fernando Collor ( 1990-1992 ).
Em grande parte , a boa ou má situação dos fundamentos macroeconômicos , somada à conjuntura internacional , terá contribuído para que o crescimento do PIB fosse de 2,4 % nos governos do presidente Fernando Henrique Cardoso ( 1995-2001 ), de 4 % nos governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ( 2003- 2010 ) e de -0,75 % nos governos da presidente Dilma Rousseff ( 2011-2016 ), com repercussões na renda , no emprego e no financiamento do Bem-Estar Social , a começar pela própria Previdência , além da Assistência Social , da Saúde e da Educação .
Desde o lançamento do Plano Real , o saneamento das contas públicas teve como objetivo não só derrubar a inflação , como também recuperar a capacidade de investimento do Estado brasileiro , fundamental para garantir o seu papel regulador , indutor , e financiador do investimento privado . Sem o aumento da taxa geral de investimentos , não há crescimento sustentado .
Sem entrar na controvérsia se a Previdência é deficitária ou não , a expansão das suas despesas , tanto as atuais quanto aquelas previstas pelo envelhecimento da população , tem comprimido
114 Cláudio de Oliveira