A democracia sob ataque | Page 107

tão autoprovocada quanto a do gover no Collor , que der rubou em 4,3 % o PIB , em 1990 , por aquele plano tresloucado de sequestrar os ati vos financeiros das famílias e das empresas . Há crises que vêm de fora , mas esta e a do Collor foram feitas aqui mesmo por obra das loucu ras dos governantes .
Nesta grande recessão , a maior atingida foi a indústria . Ela começou a cair antes e ficou em queda por mais tempo . Nada a protege contra recuos futuros . O que ficou provado é que não adiantaram os inúmeros benefícios dados a al guns setores . O país ficou mais endividado e com rombos maiores nas contas públicas por que a indústria foi ajudada com desconto de impostos e empréstimos a juros baixos , para os quais o Tesouro vendeu títulos no mercado . A ideia era que se o governo empurrasse o car ro pegaria . Não funcionou porque não é assim que funciona .
O que dá certo é melhorar os fatores gerais de competitividade . Investir em logística , simplifi car impostos , ter regulação previsível , reduzir os juros estruturais da economia . Há custos que pe sam sobre todas as empresas , de todos os se tores , e são travas ao crescimento .
Estes fatores que tiram a competitividade , o velho custo Brasil , ficaram ainda mais pesados com a abrupta queda de consumo das famílias , a recessão na qual o país foi jogado . Alguns segmentos haviam tido benefícios tão fortes que acabaram tendo antecipação de consumo , co mo caminhões . E isso tornou a queda ainda mais pronunciada .
Fora isso , a indústria encolhe no mundo inteiro e reduz sua participação no PIB . É preciso pensar em todos os fatores antes de sair por aí acreditan do que há uma solução mágica , uma panaceia pa ra fazer reviver os tempos áureos da indústria .
A dimensão do desastre e algum respiro
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