A democracia sob ataque | Page 105

lentamente vamos saindo da recessão que nos empobreceu por dois anos e meio .
Ouvi dois economistas , na Globonews , Rodrigo Melo , do Icatu , e Silvia Matos , da Fundação Getulio Vargas , e ambos falaram que a recessão ficou para trás . A FGV acha que o primeiro trimestre pode ser de alta de 0,3 % do PIB e que em todos os trimestres haverá alta , ainda que pequena . Rodrigo acha que o primeiro pode ficar entre 0,5 % e 0,7 %.
– Todos os números são de crescimento nos trimestres de 2017 . Talvez um pouco melhor no final do ano . Ainda temos muita incerteza , mas acredito que se chegue ao fim da recessão no primeiro tri . A agricultura vem forte no primeiro . No segundo , o crescimento é mais espalhado , está na indústria , mas também em parte dos serviços . O FGTS que está sendo liberado pode ajudar o consumo no segundo trimestre – diz Matos .
– Temos expectativa de alta de 0,5 % para o ano . No primeiro trimestre estamos mais otimistas que a FGV , mas por uma questão metodológica . É difícil calcular o impacto do PIB agrícola , por isso dá essa diferença nas previsões – explicou Rodrigo Melo .
A recessão pode estar ficando para trás , mas o crescimento ainda vai demorar . Com a herança estatística fortemente negativa , o país terá que crescer 1 % para chegar a zero e só acima disso o número de 2017 será positivo . Armadilhas da estatística , mas é assim . E , quando os economistas dizem que estão otimistas sobre 2017 , estão falando de crescimento pequeno de 0,5 % a 1 % no máximo . E um quadro de desemprego ainda muito difícil . A FGV acha que o ambiente ficará melhor para o emprego durante o ano , mas o primeiro movimento das empresas será aumentar as horas de quem já está trabalhando . Silvia Matos acredita que o desemprego começará a cair no fim do ano , apesar de dizer que mesmo em 2018 , quando o ambiente melhorar , ainda ficará alto , em torno de 10 % a 11 %.
Com o nível de atividade mais fraco e a redução da inflação , o Banco Central vai acelerar o ritmo de corte dos juros de 0,75 % para 1 % na reunião de abril . Este impulso da política monetária chegará à economia real , mas apenas no segundo semestre . No primeiro semestre , a grande esperança está na agri cultura . Mesmo com todos os impulsos , o país terá um número pífio em 2017 .
Há ainda uma grande incerteza . O economista Sér gio Valle , da MB Associados , diz que se não for apro vada a reforma da Previ-
A dimensão do desastre e algum respiro
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