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10 | Cidade Nova | Novembro 2022
Brasil | Airam Lima Jr . 1 e Flávio Del Pozzo 2 | revista @ cidadenova . org . br
Um país sob o olhar da fraternidade

Acabaram as eleições . E agora ?

POLÍTICA Neste artigo , os autores propõem posturas que cada cidadão pode tomar daqui para frente ante o cenário político brasileiro , concluído o pleito eleitoral deste ano
AS ELEIÇÕES passaram . Arriscamos dizer que sobrevivemos à talvez mais tensa disputa da história brasileira . Nessas condições , o que virá agora ? Bem , os novos governos só tomam posse em janeiro , e as câmaras legislativas começam os trabalhos em fevereiro . Então , há quem diga que aí vai começar o “ terceiro turno ” das eleições , ou seja , continuaremos a presenciar e até a viver uma tensa disputa entre governo e oposição não só em âmbito federal , mas também no estadual . Como viver , com o nosso protagonismo , essa nova etapa ?
Sempre arriscando , sugerimos aqui algumas atitudes , adquiridas da experiência , que podem ajudar a construir uma política mais fraterna e melhor , que possa mesmo contribuir para o bem comum e , principalmente no caso do Brasil , para o suporte e o respeito aos menos favorecidos .
Expor opinião , não impor
Uma grande contradição em uma disputa polarizada como a que vivemos é que não conseguimos conceber que o apoiador do candidato adversário pense dessa maneira . Tentamos chamar a atenção dele para o que nos parece óbvio : que o candidato dele é um bandido , um patife , um salafrário e outras coisas que não se publicam em uma revista como a Cidade Nova , e que o nosso é a única salvação para o Brasil . O resultado é que , entre nós , não há mais diálogo , e cada um segue convicto o seu caminho .
Nesse ponto , sugerimos observar Brasília . Talvez lá esteja o lugar verdadeiramente mais democrático do país : a cafeteria do Congresso Nacional . Todos , ou quase todos , os parlamentares ( talvez alguns não gostem de café ) são forçados a se encontrar lá . E parece que conversam alguma coisa , porque , se observarmos a história do Brasil , há políticos que , alguns anos atrás , juravam fidelidade a um lado e hoje estão com outro . Os quase inimigos do passado podem ser , no futuro , aliados até a morte .
Isso nos chama a uma reflexão : se os políticos são assim , por que eu não posso fazer o mesmo com meus parentes e amigos com quem rompi os laços por causa de preferências políticas ? Nossos representantes reatam relações ; por que nós não fazemos o mesmo ?
Ah , sim , é porque eu sei que este caminho é o melhor para o país , enquanto aquele meu ex-colega pensa diferente . Certo , não vamos mudar nossa opinião nem renunciar às nossas convicções , mas vamos expô-las e não as impor , sabendo que o outro poderá querer me contradizer e nunca vai concordar comigo , e isso é direito dele !
Conversa ao vivo , não on-line
Para que esse diálogo exista de fato , sem maiores constrangimentos , uma dica que parece ser muito útil é fazê-lo ao vivo , pessoalmente , cara a cara . Nossa experiência mostra que , quando nos colocamos presencialmente diante de outra pessoa , somos mais respeitosos , ponderados e até educados . É o comportamento oposto do que se verifica nas conversas por WhatsApp , em que , muitas vezes , até por preguiça , para justificar minha opinião , em vez de escrever minha ideia , prefiro postar um texto ou um vídeo que recebi de um amigo super confiável . E aí , a imagem é linda , mas o conteúdo é uma enorme fake news ou , mesmo que não seja , deixa meu interlocutor profundamente irritado . E assim ele sai do grupo e da convivência .
Essa briga on-line foi facilitada pela pandemia e contribuiu para o aumento da tensão pré-eleitoral . Mas agora , que estamos retomando os hábitos anteriores , por que não voltar à conversa pessoal , para expor opiniões e evitar mal-entendidos ? Tomar um cafezinho juntos ,

10 | Cidade Nova | Novembro 2022