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10 | Cidade Nova | Outubro 2022
Brasil | Flávio Dal Pozzo e Luís Henrique Marques 1 | revista @ cidadenova . org . br
Um país sob o olhar da fraternidade

Diante de um oceano de ofertas , quais são as suas fontes de informação política ?

MÍDIA Uma das questões cruciais no exercício da cidadania é o acompanhamento crítico do noticiário sobre política . Neste artigo , os autores propõem um pequeno percurso reflexivo no sentido de aprimorarmos essa prática
PARA AUXILIAR-NOS a seguir em frente na reflexão proposta pela pergunta que serve de título para este artigo , apresentamos essa mesma questão de outra maneira : diante do oceano de fontes de informação sobre política , cujo fácil acesso é oferecido pelas novas tecnologias e pela internet , podemos nos considerar pessoas conscientes e bem-informadas sobre o universo político ?
Possivelmente , a grande maioria das pessoas tem certeza de que se informa bem e o faz da melhor maneira possível . Contudo , quando o assunto é política , especialmente em ambientes digitais com algoritmos ainda pouco compreendidos e que condicionam fortemente o conteúdo que acessamos ou deixamos de acessar , temos dificuldade de perceber se estamos efetivamente nos informando bem . Na maioria das vezes , nem sequer nos colocamos essa questão .
Em se tratando de política , dificilmente iremos encontrar um canal de informação isento de interesses e posicionamentos . Isso decorre do fato , entre outros motivos , de que a imprensa , em um ambiente capitalista , vive de “ vender notícias ”, isto é , ela é um negócio . Trata-se de considerar uma relação comercial que marca tanto os veículos tradicionais da imprensa quanto os canais de informação que acompanhamos nas redes sociais . Isso tem implicação direta em como matérias informativas e textos de opinião são produzidos por jornalistas e especialistas e , igualmente , nas frequentes mudanças de posicionamentos em função desse tipo de interesse .
Outro fator importante a considerar é que a maioria desses canais pode ter , além do interesse econômico , um engajamento político e de valores . Nesses casos , é interessante considerar que as empresas , grupos ou pessoas , a fim de atingir certos objetivos políticos , utilizam-se estrategicamente desses canais para “ plantar ” ou disseminar determinadas informações . Vale salientar ainda que boa parte delas , consideradas fatos políticos , são , na realidade , meras especulações , quando não meias verdades ou até mesmo inverdades .
Se é assim , podemos nos perguntar : conseguimos perceber a importância de fazer um exercício para avaliar a linha editorial , ideias e valores de cada um desses canais de informação ? E , consequência disso : conseguimos avaliar se existe uma diversidade de posicionamentos , ideias e valores entre eles ?
Muito possivelmente , sem esse necessário exercício , mesmo acreditando que nos informamos de modo adequado sobre política em ambientes digitais , dificilmente conseguiremos perceber a qual viés ou a quais vieses de ideias e valores a informação que consumimos e compartilhamos se alinha ou se , ao menos , ela busca apresentar uma posição equilibrada sobre o assunto que aborda .
Diante da questão inicialmente proposta nesse artigo , como podemos avançar com essa avaliação ? Um primeiro movimento fundamental para iniciarmos esse exercício de avaliação dos canais de informação passa , necessariamente , por encontrarmos e darmo-nos um tempo adequado para observarmos ( se existir ) qual a tendência de visão de mundo que assumimos . Igualmente importante , é preciso identificar e olhar para o horizonte de mundo que queremos construir e o que é necessário acontecer para alcançá-lo . Isso implica considerar se nossas opções têm ou não convergência com valores ,

10 | Cidade Nova | Outubro 2022