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10 | Cidade Nova | Janeiro 2022
Na estante | Gustavo Monteiro | revista @ cidadenova . org . br
Por ler é recriar o mundo

Normalmente extraordinário

DICA DE LEITURA No artigo a seguir , o autor apresenta o processo de escrita da história de João Victor Gois que deu origem ao livro " Prazer , sou um jovem normal ", lançamento da Editora Cidade Nova
Divulgação
TIREI as sandálias : era terreno sagrado . Assim foi a sensação desde a primeira das entrevistas que compuseram o livro " Prazer , sou um jovem normal , obra que conta a história de João Victor Gois , adolescente de Aracaju . A ideia inicial era apenas a de documentar a vida daquele rapaz que , enfrentando um tipo raro de câncer desde os 14 anos , conseguiu deixar um exemplo luminoso de alguém que soube viver bem cada momento da sua existência e , talvez por isso , deixou um testemunho potente de esperança , daqueles que são capazes de transformar em amor concreto cada experiência , seja ela de alegria ou de dor .
João Victor faleceu semanas antes do seu aniversário de 16 anos , colecionando amigos , mesmo com o seu caráter mais reservado , e histórias cheias de significado , mesmo com toda a simplicidade de um “ jovem normal ”.
Por que não eu ?
“ Alguém precisa contar essa história porque , se o tempo passar demais , muitos detalhes vão se perder ”, era o conselho de um sacerdote do interior do estado de Sergipe , que esteve presente na missa de sétimo dia de João Victor e pôde acompanhar de perto , desde então , a família e a comunidade do Movimento dos Focolares da qual faziam parte João , sua irmã , Gabi , e seus pais , Hamilton e Sheilla .
Terminando de ler um livro que contava as aventuras de dois amigos italianos que estão atualmente em processo de beatificação , eu me lembrei da vida daquele com o qual eu só tinha estado presente face a face uma vez na vida . João tinha sim uma história digna das páginas de um livro , mas tinha também uma simplicidade irresistível , daquelas que nos impressionam e , ao mesmo tempo , nos aproximam e nos deixam o gosto pelas coisas que não passam .
Lembrando-me também da frase daquele sacerdote , e inflamado pela leitura que eu tinha finalizado naquele instante , liguei imediatamente para Gabi e me coloquei à disposição de todos da sua família . Era 2015 , eu era estudante de jornalismo e , nos tempos livres , estava pronto , se assim eles quisessem , para entrevistar as pessoas que estiveram próximas a João nos momentos mais significativos da sua

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