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32 | Cidade Nova | Dezembro 2021
Tecnologia | Cibele Lana | revista @ cidadenova . org . br
Inteligência a serviço da humanidade

Companhias invisíveis

BEM-ESTAR Assistentes virtuais comandadas por voz começam a se popularizar no país e prometem mais comodidade e acessibilidade , não obstante pertinentes questões sobre uso de dados
* A autora optou por manter a referência no feminino , mas retoma a reflexão , já apresentada nesta seção , sobre o fato de todas essas tecnologias de assistência terem nomes e vozes femininas , com possível ligação a um machismo estrutural .
TUDO COMEÇOU com uma despretensiosa decoração de Natal com lâmpadas inteligentes que acendiam por um comando de voz direcionado a uma assistente virtual inteligente . Desde então , Paula Pacheco , brasileira que mora nos Estados Unidos com o marido e dois filhos , conta com a assistente virtual para boa parte da rotina em família , assim como tantos outros milhões de americanos .
Na casa de Paula , em Orlando , o dia já começa com uma interação com a Alexa , a assistente da empresa Amazon . Ela informa a temperatura , liga uma música para animar as crianças e mostra a lista de compras da casa . “ Meu filho Thomas , de 6 anos , conversa com a Alexa para pedir músicas de que ele gosta ( há um bloqueio para conteúdos inapropriados para crianças ), assistir a desenhos e perguntar sobre dinossauros , que ele ama ”, conta .
A assistente virtual também está conectada ao sistema de segurança da casa e permite ao casal verificar em tempo real qualquer suspeita de barulho ou movimentação no quintal . “ Ela também nos avisa quando algum pacote chegou na nossa porta , mas só os pacotes da Amazon , e
gosto de poder ligar as luzes quando não estamos em casa ou desligá-las a distância quando esquecemos ligadas ”, explica Paula .
De fato , nos Estados Unidos , as ( ou os *) assistentes virtuais comandadas por voz são mais populares , baratas e desenvolvidas . Cerca de 51 % dos americanos usam esse tipo de software em seus celulares e muitos outros milhares em TVs , veículos e relógios , além , é claro , em computadores .
Já são mais de 4 bilhões de assistentes virtuais sendo utilizadas em todo o mundo . A expectativa , de acordo com uma pesquisa divulgada pela Statisa , é de que até 2024 sejam mais de 8 bilhões , um número superior ao da população mundial .
Do jeitinho brasileiro
Por aqui , a pandemia deu um empurrãozinho para que a tecnologia ganhasse mais adeptos . Na hora de manter o distanciamento social e de tocar o menos possível em objetos , a voz ganhou o terreno que vinha sendo prometido já há alguns anos e fez deslancharem a adoção e o desenvolvimento de sistemas
controlados pela fala . O uso desses dispositivos aumentou 47 % em 2020 , segundo pesquisa da consultoria Ilumeo .
A assistente mais famosa por aqui é a Google Assistente . Somos o terceiro país do mundo com mais usuários interagindo com a tecnologia , em média cerca de três vezes por semana . Enquanto as automações inteligentes para casa ainda são pouco acessíveis pelo custo , os brasileiros vêm descobrindo suas formas próprias de interação .
Recentemente , a Amazon publicou dados divertidos sobre quais foram as principais interações dos brasileiros nos últimos dois anos com a Alexa . A título de curiosidade , “ Alexa , me conte uma piada ” foi solicitado mais de 20 milhões de vezes e “ Alexa , solte um pum ”, mais de 1 milhão de vezes . Além disso , os brasileiros consultaram a previsão do tempo mais de 34 milhões de vezes apenas em 2020 e jogaram o “ Jogo do Milhão ” outras 2,1 milhões de vezes no mesmo período .
Passando a fase de popularização e familiaridade , o mercado brasileiro espera ganhar ( e muito ) com a integração dessas assistentes às nossas rotinas , a fim de acompanhar o já promissor mercado global .

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