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6 | Cidade Nova | Outubro 2020
Entrevista | Emanuel Bomfim | revista @ cidadenova . org . br
Por uma cultura do diálogo

Mauricio de Sousa

Cartunista

Infância desenhada

QUADRINHOS Há mais de seis décadas abastecendo as crianças e os adultos de histórias , o criador da Turma da Mônica , Mauricio de Sousa , segue inventando personagens e mirando novos territórios para suas criações
Divulgação
Adentrar o universo da Turma da Mônica é experimentar um mundo que não existe , mas que gostaríamos que fosse palpável . Talvez seja a mais perfeita representação da infância em seu estado de plenitude : o que importa , no fundo , é a imaginação . “ Todo mundo queria estar naquele lugar onde vive o Chico Bento , é uma nostalgia do que não necessariamente foi vivido ”, teoriza Mauricio de Sousa em entrevista à Cidade Nova . O pai dos personagens que acompanham a vida dos brasileiros há mais de 60 anos segue tão ativo quanto foi na sua juventude , desde que deixou a cidade de Mogi das Cruzes e bateu na porta da Folha de S . Paulo , na capital paulista , com algumas de suas criações debaixo do braço – que foram reprovadas , por sinal . “ Nunca duvidei de que conseguiria ”, diz . Para isso , precisou encarar a dura rotina da reportagem policial , no mesmo jornal , antes de emplacar suas primeiras tirinhas .
Dali em diante , a partir de sua criatividade inesgotável e um empreendedorismo latente , Mauricio construiu um legado gigantesco . Mais de um bilhão de revistas foi impressa nessas seis décadas . A presença internacional rompe o impressionante número de 100 países , além dos desdobramentos audiovisuais e da multiplicação de produtos associados . “ Hoje meu foco é o Japão ”, enfatiza nessa mesma entrevista . Segundo ele , quem manda é o leitor . É do contato com as crianças que ele entende para aonde ir . Entender essa conexão , a linha editorial , a evolução estética dos personagens e algumas impressões sobre o mundo foi o que guiou nosso papo com este verdadeiro mestre .
Quando você começou a publicar as tirinhas em jornal , já imaginava que iria cativar um público infantil ?
Eu sabia fazer história em quadrinhos , mas não sabia adivinhar o futuro . Tinha noção de que seria possível , mas não esperava tanto . Tinha muita dificuldade de convencer os donos de jornal de que iria fazer história em quadrinhos , mantê-las ativas , entregar no tempo certo e mostrar que personagem brasileiro poderia dar certo , algo que não tinha acontecido ainda . Era uma briga . Eles sempre pergunta-
Foto de Lailson dos Santos- divulgação MSP

6 | Cidade Nova | Outubro 2020