Brasil | Cibele Lana | [email protected]
Um país sob o olhar da fraternidade
A doença do esquecimento
SAÚDE Setembro é o mês mundial da Doença de Alzheimer,
conhecido como Setembro Roxo. Enquanto pesquisas e políticas
públicas no Brasil caminham a passos lentos, o amor das famílias
e cuidadores supera todo o sofrimento
O CONTADOR E ADVOGADO João do Vale ti-
nha o costume de ir a pé para o trabalho, per-
to de casa. Um dia se perdeu e não conseguiu
encontrar mais o caminho de volta. “Por três
vezes isso aconteceu; tivemos que fazer boletim
de ocorrência e esperar até que a polícia o en-
contrasse”. Se você tem um ente querido na fa-
mília com Alzheimer, certamente bastaram essas
poucas linhas para se identificar com o relato da
enfermeira Sheilah do Vale, que, além do pai,
também tem a mãe diagnosticada com a doença.
O pai, hoje em dia, se comunica apenas com
o olhar, sempre distante, e a mãe já não reco-
nhece mais os filhos. “Fico impressionada por
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Cidade Nova | Outubro 2018
eles não expressarem mais nenhum momento
de alegria. Eles não sorriem. Conviver com o
Alzheimer é desafiador, é muito doído. Mas no
fundo sabemos que eles continuam sendo nos-
sos entes amados”, conta Sheilah.
O Alzheimer se caracteriza pela perda de
funções cognitivas – como memória, orienta-
ção, atenção e linguagem – causada pela morte
de células cerebrais. Se diagnosticada no início,
é possível retardar seu avanço e garantir mais
qualidade de vida para o paciente e sua família.
De acordo com a Associação Internacional
de Alzheimer, a cada 3,2 segundos um novo
caso da doença é diagnosticado no mundo e