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Internacional | Martina Cavalcanti | [email protected] Uma família global O (i)migrante em cada um ACOLHIDA O grande fluxo de venezuelanos no Brasil traz dificuldades, mas também a oportunidade de criar empatia e ajudar. Conheça pessoas e instituições que formam uma corrente de solidariedade num dos primeiros destinos desses imigrantes no Brasil Os venezuelanos vendem frutas, acessórios para automóveis e oferecem lavagem de janelas de automóveis em semáforos em Boa Vista, Estado de Roraima 32 | EM MAIO DE 2016, quando chegou a Boa Vis- ta (RR) com o marido e os dois filhos, Francia Danay del Valle, 37 anos, planejava seguir à Ar- gentina de carona. Era o único jeito de chegar ao país onde também se fala espanhol, já que a economia de 82 mil bolívares (equivalente a R$ 392 na época) fora consumida nos quase mil quilômetros entre Maturin, a cidade onde viviam na Venezuela, e o norte do Brasil. Mas a ajuda de um casal de brasileiros mu- dou a rota. Alertando sobre os perigos de passar a noite em Manaus (AM), os dois convidaram a família a ficar em sua casa na capital roraimense. “Isso foi num final de semana. Na segunda- -feira, meu marido já estava trabalhando como pedreiro por indicação deles”, conta. Cidade Nova | Abril 2018 Quinze dias depois, Francia e o companhei- ro encontraram uma casa para alugar. Mesmo sem o valor completo do aluguel, foram aceitos pelo dono do imóvel. “No Natal, nos reunimos em uma mesa muito bonita e trocamos presen- tes com ele. Já nos sentimos parte da família”, diz. Outra conquista foi inscrever os filhos na escola e no karatê. Assim, a campeã venezuela- na Avril Danay del Valle, dez anos, pode seguir a carreira esportiva em terras brasileiras. Além do salário fixo do marido, eles contam com R$ 240 de Bolsa Família por mês. O aluguel já foi acertado, mas as contas continuam aper- tadas – as dívidas acumuladas com eletricidade, por exemplo, somam R$ 500. Continua distante o sonho de ter uma casa própria para oferecer