Military Review Edição Brasileira Março-Abril 2014 | Page 78

Examinando a Guerra em Wi-Fi: Da Ciberguerra à Wikiguerra — Batalhas pelo Ciberespaço Paul Rexton Kan Esta resenha foi originalmente publicada na revista Parameters (Autumn 2013). LGUNS DIAS APÓS as explosões na Maratona de Boston, em abril de 2013, a agência de notícias Associated Press (AP) divulgou, pelo site Twitter: “Últimas Notícias: Duas explosões na Casa Branca e Barack Obama ficou ferido”. O índice Dow Jones Industrial caiu quase 150 pontos, com uma perda súbita de US$ 136 bilhões em valor de mercado. A conta da AP no site Twitter, cujo feed havia sido incluído nos algoritmos de relatórios da Bolsa de Valores de Nova York alguns dias antes, foi atacada por hackers de um grupo autointitulado Exército Eletrônico da Síria, o que lhe possibilitou tuitar a mensagem falsa. Felizmente, a perda em riqueza nacional foi passageira, já que as ações recuperaram seu valor em três minutos. Como estabelecer um contexto para o que aconteceu naqueles poucos minutos? Foi um ataque súbito em uma guerra cibernética iniciada pelo regime sírio ou uma brincadeira de algum grupo independente, por diversão? Não houve nenhuma perda permanente de capital e, fora os responsáveis pelo ocorrido, poucos teriam tido motivos para rir da situação. Contudo, ainda existe um sentido de seriedade com respeito ao incidente, o que revela os verdadeiros limites de nosso entendimento sobre o domínio cibernético na área de segurança nacional. Considerando o fato de o domínio digital ser algo novo, artificial e em constante mudança devido à ação das pessoas, não surpreende que os profissionais de segurança nacional busquem abordagens conhecidas e cômodas. Os ataques cibernéticos são um acontecimento diário — ou, mais precisamente, que ocorre a cada nanossegundo) —, que requer “segurança cibernética” (ou “cibersegurança”). A liderança nacional alerta sobre uma possível “guerra cibernética” (ou “ciberguerra”) e “terrorismo cibernético”, que podem levar a um “Pearl Harbor cibernético”. A prevenção de um incidente desses requer uma “defesa cibernética” ou até mesmo algum tipo de “dissuasão cibernética”. Alguns formuladores de políticas desejam que se estabeleça um “controle de armas cibernéticas” para limitar quais ataques dessa natureza podem ser conduzidos contra um outro país. Esses conceitos são uma adaptação dos que são utilizados no domínio físico para descrever atos violentos e reações a eles. Esses conceitos ajudam formuladores de políticas, profissionais de segurança nacional e acadêmicos a entender as ações de agressão conduzidas no ciberespaço? Em seu livro Cyber War: The Next Threat to National Security and What to Do About It (“Guerra Cibernética: A Próxima Ameaça à Segurança Nacional e o que Fazer quanto a Isso”, Paul Rexton Kan é Professor Adjunto de Estudos de Segurança Nacional e Catedrático “Henry L. Stimson” de Estudos Militares no US Army War College. É o autor de Drugs and Contemporary Warfare e de Cartels at War: Und