Military Review Edição Brasileira Março-Abril 2014 | Page 69
oficiais subalternos
subordinado. Na Guarda Nacional do Exército
dos EUA, entre as duas guerras mundiais do século
XX, algumas Unidades “preferiam oficiais que
tivessem saído […] de suas próprias fileiras […]
e, de modo geral, houvessem servido um período
como praças antes de se tornarem oficiais”. O
benefício disso, acreditavam os oficiais da Guarda
Nacional no início do século XX, era o “sentido
de responsabilidade constante que [esses oficiais]
tinham com respeito a seus subordinados”25.
Acredita-se que a prática de cuidar dos soldados,
que engloba atender às necessidades humanas
básicas e liderá-los com competência e cuidado,
não só eleve o moral das tropas, como também
aumente a efetividade de combate. Uma equipe
de pesquisa em ciências comportamentais
da Academia Militar dos EUA observou: “os
comandantes que cuidavam de seus soldados,
que atendiam às suas necessidades táticas […]
por sua própria competência e habilidades […]
e que os tranquilizavam, assegurando-lhes que
respeitariam suas vidas, evitando baixas desnecessárias: esses comandantes eram os que lideravam
as tropas mais efetivas em combate”26.
Confiança dos superiores. Quinto, há uma
probabilidade menor de que oficiais subalternos
experientes sejam submetidos ao microgerenciamento por seus superiores, o que reduz o estresse
na organização, aumenta a satisfação profissional
dos jovens oficiais e, possivelmente, reforça seu
compromisso com a organização e retenção no
Exército. Essa é uma afirmação geral, mas que é,
também, corroborada pelas pesquisas atuais. O
histórico relatório da Comissão de Adestramento e
Desenvolvimento de Líderes do Exército dos EUA
buscou identificar questões internas à cultura e ao
ambiente da Força que vinham contribuindo para
a insatisfação entre os oficiais e para a redução
nas taxas de retenção ao longo da década após
a Guerra do Golfo. Segundo esse relatório de
2002, os oficiais subalternos “não estavam sendo
expostos a experiências adequadas de desenvolvimento de liderança […] [o que] leva à impressão
de que o microgerenciamento é algo generalizado.
A seu ver, não estão recebendo oportunidades
suficientes para aprender com os resultados de
Military Review • Março-Abril 2014
suas próprias decisões e ações”27. O Exército dos
EUA decidiu enxergar uma relação causal entre
essas reclamações e a baixa retenção de oficiais,
instituindo várias mudanças nos anos seguintes,
buscando inverter essa tendência.
Evidentemente, o microgerenciamento e seu
impacto negativo não são algo novo. O Exército
dos EUA na época da Guerra do Vietnã oferece
um precedente interessante quanto aos perigos
organizacionais de uma situação em que comandantes inexperientes são “corrigidos” por meio
do microgerenciamento. Nesse exemplo, os
recém-formados no curso de sargentos realizado
após a instrução básica eram considerados inexperientes demais para executarem suas obrigações e
cuidar dos soldados por conta própria. Os supostos microgerenciadores? Os oficiais subalternos.
Conforme relatado pelo historiador Ernest Fisher:
“Devido a uma insuficiência crônica de sargentos
experientes, muitos oficiais, especialmente no
escalão companhia, retomaram a prática de ignorá-los ao lidar com as tropas […] o que prejudicou
o devido papel do sargento como comandante
de pequena fração, deixando-o de ‘escanteio’,
onde passou a ser um espectador em vez de ser
o foco da ação”. A principal ironia dessa prática,
acrescenta Fisher, foi o fato de ela ter ocorrido em
uma época em que “devido à natureza das táticas
empregadas no Vietnã, o comandante de fração
era mais necessário do que nunca”28.
Como Preparar Oficiais Subalternos Efetivos
Essa breve análise da literatura sobre o desenvolvimento de líderes nessas cinco áreas sugere que a
experiência militar prévia, aliada a uma suficiente
instrução e adestramento, produz um oficial subalterno mais apto a desempenhar com competência e
confiança logo após sua “implementação”, ou designação para sua primeira função de comando. Isso
talvez diga respeito tanto à forma pela qual as pessoas aprendem quanto às várias tarefas complexas
que um oficial subalterno precisa dominar. Segundo
um livro acadêmico sobre liderança utilizado no
Forte Leavenworth, as pessoas aprendem a partir
da experiência por meio de um processo descrito
como “ação, observação e reflexão”. Normalmente,
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