Military Review Edição Brasileira Março-Abril 2014 | Page 48
idênticos e cumprem as ordens enquadradas por
uma mesma doutrina. As únicas diferenças são
as vestimentas, os objetivos e os equipamentos.
Na realidade, o soldado e o homem-bomba
estão em mundos distintos em termos de como
pensam e se comportam, apoiados por processos
e formas de adaptação completamente distintos.
Se treinarmos nossas forças com simulacros,
com adversários possuindo motivações idênticas,
como poderemos esperar que elas se desdobrem
em ambientes de conflito e adquiram a real
adaptação contra o oponente?
Por décadas, nossa estratégia de treinamento
criou cópias sem originais para o adestramento
de nossas Forças Armadas. Inevitavelmente, e
sem percebermos, lutamos contra nós mesmos,
interpretando todos os aspectos da instrução
de acordo com as nossas preferências45. Nosso
sistema emprega filosofias, metodologias, doutrina
e valores não adotados pela maioria de nossos
oponentes. Desdobramos em sequência Unidades
treinadas em dinâmicos ambientes de conflito
com a expectativa de que o adestramento recebido
fornecem o preparo para enfrentar complexos e
adaptativos oponentes.
Quando nossas organizações militares não conseguem cumprir objetivos ou o ambiente operacional
se altera rapidamente e em inesperada direção,
nossos próprios hábitos institucionais e a aderência
ao nosso paradigma militar ocidental remetem
nossos profissionais de volta ao treinamento onde,
mais uma vez, o simulacro predomina. Para destruir esse paradigma, precisamos de autorização
do comando da Força, reflexão crítica e criativa
transformação para uma filosofia de treinamento
diferente, que evite os perigos do simulacro.MR
REFERÊNCIAS
1. WACHOWSKI, Larry e Andy. The Matrix (Internet Movie Script Database, disponível em: , acesso
em: 29 dez. 2012. Essa cena representa Cypher e o Agente Smith comendo uma refeição no mundo virtual identificado por “a Matrix”, enquanto
discutem um caso de traição. O programa de computador representado
pelo Agente Smith retornará o corpo de Cypher para onde ele permanecerá permanentemente conectado ao mundo virtual, apagando de
suas memórias as realidades do mundo exterior.
2. Department of the Army, The Army Training Strategy; Training in a
Time Of Transition, Uncertainty, Complexity, and Austerity (Washington,
DC: U.S. Government Printing Office [GPO], 3 Oct.2012), p. 7 (ênfase
acrescentado pelo autor).
3. ALVESSON, Mats e SANDBERG, Jorgen. “Generating Research Questions Through Problematization” (Academy of Management Review, vol.
36, no. 2, 2011): p. 255. “Uma tarefa essencial é […] iniciar um questionamento dialético entre sua posição meta-teórica e outras para que se
possam identificar, articular e contestar premissas centrais da literatura
atual, de forma a abrir novas áreas de inquirição.
4. Por ontologia, busco neste artigo aplicar uma meta-questão de
como entendemos a natureza do “treinamento” — e como nossos esforços de instrução podem ser categorizados no que validamos como
treinamento, e o que podemos fazer com o treinamento que, na prática,
empregamos erroneamente. Para mais sobre meta-questões, consulte
WEINBERG, Gerald M. Rethinking Systems Analysis and Design (Boston:
Little, Brown and Company, 1982), p. 65. “Uma meta-questão é uma
questão que produz direta ou indiretamente uma pergunta para uma
resposta.” A meta-questão de Weinberg emprega o “por que” em vez
de “o que”.
5. BRAFMAN, Ori BECKSTROM, Rod. The Starfish and the Spider (The
Penguin Group, New York, 2006), p. 184-89. Brafman e Beckstrom discutem as diferenças entre organizações centralizadas e descentralizadas. O
Exército dos EUA claramente opera como uma organização centralizada
ou “aranha”. Brafman e Beckstrom fornecem o exemplo da General Motors em 1943. “A resposta da GM era: Por que devemos mudar? Temos
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algo que funciona. Veja, estamos no topo da indústria — como te atreves a fazer recomendações”.
6. O design introduz uma série de conceitos desafiantes na área militar; este artigo cita uma variedade de filosofias pós-moderna e outros
recursos que servem como bom ponto de partida para aqueles interessados em como o design se diferencia da doutrina militar tradicional
de planejamento e do processo decisório.
7. Este artigo usa a “teoria do design” para evitar as armadilhas
institucionais de termos singulares para Forças Singulares como a
Metodologia de Design do Exército. Consulte o U.S. Army Training and
Doctrine Command (TRADOC) Field Manual (FM) 5-0, The Operations
Process (Washingto