Military Review Edição Brasileira Março-Abril 2014 | Page 44
pessoa a representar, ou ambiente a ser explorado,
para que suas ações ganhem valor teatral, o que
demonstra um princípio semelhante.
Embora as forças oponentes não possam
ingressar nos campos de treinamento da Al Qaeda,
podemos infiltrá-las na informação, motivos e
valores que geram os processos de pensamento
inimigo e promover ajustes precisos no modo
como nossas forças oponentes se adestram28.
Podemos, também, remover muitos dos processos
que não são da Al Qaeda durante um evento de
treinamento, objetivando estimular o pensamento
crítico e a reflexão em nossas instituições militares.
Para uma ameaça do modelo iraniano, mais uma
vez adaptaríamos sua metodologia e estrutura.
Cada exigência de ameaça oponente necessita uma
abordagem adaptada e apropriada para evitar o
simulacro no treinamento. As Unidades da Força
precisam se adestrar contra ameaças que não
pensem da mesma forma. Isso estimula nossas
Unidades a se adaptarem, inovarem e refletirem.
Os militares, por exemplo, no desempenho
de narcocriminosos não devem interpretar o
movimento de drogas da mesma forma que o
movimento de munição ou suprimentos. Em vez
disso, precisamos motivá-los de alguma forma
pelo estímulo e competição e recompensá-los
pelo desempenho fiel de “criminosos” em um
evento de treinamento. Esses militares se comportariam em um exercício de adestramento
mais como criminosos e menos como militares
simulando criminosos. Isso leva tempo e exige
abordagens sensíveis e bem calculadas para
desencadear um comportamento descentralizado
e adaptável onde os criminosos têm a liberdade
para inovar e agir, de modo a não serem percebidos pelos militares da Unidade que se adestra29.
Com treinamento, o termo comumente negativo
“virar nativo” inverte para positivo — queremos
que nossas forças oponentes se afastem do costume de como desempenhamos e pensamos.
Isso exige um processo iterativo e inovador para
evitar a armadilha de retornar lentamente para
o simulacro de treinamento.
Os militares que desempenham uma força
convencional não ocidental podem adaptar o
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processo decisório, estruturas de comando e
métodos de planejamento de chineses ou iranianos, em vez de repetir exatamente o que forças
amigas fazem. A “transformação nativa” seria
diferente de criminosos ou de outros oponentes,
e os aspectos nativos precisam ser autênticos, não
um simulacro. Não queremos que eles transformem Veneza na “perversão de Las Vegas”. Em vez
disso, sugerimos a criação de pequenos aspectos
de Veneza no ambiente de treinamento. Isso exige
pensamento crítico e criativo para reconhecer
e depois substituir as metodologias claramente
ocidentais pelas correspondentes do oponente
nos exercícios. Exige uma mudança institucional,
de cima para baixo, aplicada sistematicamente
por todo o programa de treinamento da Força.
Isso requer, também, a constituição de um efetivo
profissional e experiente em vez de uma figuração
constituída somente por recrutas.
A seguir, são sugeridas algumas adaptações na
filosofia de treinamento do Exército dos EUA para
facilitar uma abordagem antissimulacro nos eventos de instrução conduzidos nos Centros Nacionais
de Treinamento, nos trabalhos de estado-maior,
simulações de combate e nas sedes das Unidades,
ou seja, na instrução militar profissional em todos
os escalões:
As Forças oponentes devem evitar o processo
decisório militar em favor de uma metodologia
adotada pelo oponente que está sendo simulado.
Em vez de simplesmente usar jargões amparados
no nosso próprio estilo de planejamento, elas
adaptariam uma abordagem estrangeira.
A simulação de um grupo terrorista deve
operar de forma independente da força convencional inimiga em todos os aspectos, uma oposição
à estrutura de comando militar tradicional, que
também control