Military Review Edição Brasileira Março-Abril 2014 | Page 35

síria em um diálogo mais amplo sobre esforços de planejamento mais detalhados. Infelizmente, as informações continuam a ser compartimentadas no processo de planejamento interagências dos EUA. Em consequência, é provável que todo plano norte-americano seja, na melhor das hipóteses, ineficiente e marcado pela duplicação de esforços e, na pior delas, incompleto e conflitante. Em geral, o não compartilhamento de informações entre organizações que, supostamente, devem fazer parte da mesma equipe pode levar à desconfiança e acabar prejudicando os objetivos do governo norte-americano em relação à Síria. A Coordenação Interagências do Departamento de Estado é Efetiva Porque… Ao contrário de outras organizações federais norte-americanas, o Departamento de Estado está bem preparado para conduzir operações junto a outros departamentos e agências não militares em função de sua cultura organizacional: uma cultura marcada pela inclusão. A tendência do Departamento de Estado à abertura significa a presença de múltiplas vozes nos debates. Ainda mais importante, talvez, é o fato de que a existência de opiniões divergentes entre os participantes é incentivada. Durante o planejamento do Departamento de Estado para a segurança de MANPADS na Síria, atores interagências do Departamento de Defesa, Departamento de Segurança Interna, setor de inteligência e outros órgãos dos EUA foram convidados e incluídos em vários grupos de trabalho no início do processo. Debates francos, com o confronto de perspectivas divergentes sobre questões como escopo, responsabilidades, autoridades e financiamento, ocorreram em um fórum aberto. Além disso, a Força-Tarefa para MANPADS, órgão permanente que tem como foco a ameaça representada por essas armas no mundo inteiro, forneceu ao Departamento de Estado (e outros) uma análise e perspectiva interagências sobre modos de enfrentá-la. Dessa forma, o plano do Departamento de Estado quanto à segurança dos MANPADS na Síria ficou mais bem fundamentado do que teria sido possível de outra forma. Military Review • Março-Abril 2014 Uma outra razão pela qual o Departamento de Estado é tão adequado à cooperação interagências é o fato de ser obrigado, pela própria natureza de seu papel dentro do governo, a coordenar e sincronizar todos os aspectos da burocracia federal em apoio aos objetivos da política externa. Os esforços de planejamento dos funcionários do serviço de relações exteriores e seus colegas em Washington e nas “equipes de país” de embaixadas ao redor do mundo exigem um elevado grau de colaboração interagências para se obter êxito. No caso da Síria, os funcionários do serviço exterior que integram o Escritório de Remoção e Redução de Armas do Departamento de Estado e representantes da Força Interagências para MANPADS se empenharam incansavelmente na coordenação junto a oficiais regionais da Divisão de Assuntos do Oriente Médio, a várias seções funcionais e ao governo norte-americano em geral. Também trabalharam com diversos parceiros internacionais e organizações multilaterais a fim de tirar proveito das vantagens relativas de cada um para proteger os MANPADS na Síria7. Neste artigo, discutimos o grau de coordenação do Departamento de Estado junto a parceiros interagências e internacionais. Não ressaltamos, contudo, o grau de coordenação interna que ocorre durante a preparação para situações como a que os EUA enfrentam em relação à Síria. Cabe observar que nada que o Departamento de Estado faz ocorre em um vazio. Atores relevantes com perspectivas tanto regionais quanto funcionais debatem cada questão em detalhe. No caso do planejamento para a potencial ameaça apresentada pelos MANPADS na Síria, escritórios regionais e funcionais foram reunidos para formular a resposta do Departamento de Estado. Essa coordenação interna foi essencial quando o Departamento de Estado se reuniu com parceiros interagências e internacionais. Embora tenha sido de larga escala em Washington, esse tipo de coordenação ocorre em um âmbito menor todos os dias em embaixadas norte-americanas no mundo inteiro, onde os embaixadores são responsáveis por coordenar as atividades e programas do governo dos EUA 33