Military Review Edição Brasileira Março-Abril 2014 | Page 10
jovens haitianos. Exigir uma segurança
impecável para aplicar recursos quando 80%
da força de trabalho não possui emprego
formal e 70% do povo sobrevive miseravelmente com uma refeição diária soa utópico
e até mesmo cruel […].
LESSA (2007, p. 108) observou que as atividades
da MINUSTAH até julho de 2006 foi de progressos
consideráveis, contendo o caos graças ao modus
operandi das tropas brasileiras e do perfil do
Comandante da MINUSTAH, o General Heleno:
De uma maneira geral, as ações de
segurança promovidas pelo contingente
brasileiro eram caracterizadas por uma
grande operação na área de conflito,
buscando a desarticulação e prisão das
gangues; na instalação de um ponto forte,
possibilitando a permanência efetiva
de uma tropa no local; na realização de
Projetos de Impacto Rápido (QIP) e de
ações cívico-sociais (ACISOS), oferecendo
à população assistência médico-odontológica, realizando mutirões com a
participação da população para limpeza
das ruas, reformas de praças, dentre outras
atividades que contribuíam para aproximar
a tropa dos haitianos, conquistando sua
confiança e colaboração. Além disso, a
segurança local propiciava um ambiente
adequado para que as Nações Unidas e as
ONG’s e as OI pudessem trabalhar para o
desenvolvimento daquele país.”
Em 12 de janeiro de 2010, um terremoto
de proporções catastróficas, com magnitude
sísmica 7,0 Mw, na escala de magnitude de
momento, e 7.3 na escala de Richter, atingiu
o país a aproximadamente 22 quilômetros
da capital, às 16h53m10s do horário local
(WIKIPEDIA, 2013).
STOCHERO (2010, p. 198) descreveu os
minutos iniciais para os militares:
Os militares só se dão conta da dimensão
do ocorrido quando começam a avistar
focos de incêndio por toda a capital.
Haitianos batem às portas do batalhão trazendo parentes que foram atingidos pelos
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destroços, com braços, pernas e cabeças
decepadas e encharcados de sangue.
O Atendimento de Saúde do CONTBRAS HAITI
A sequência das ações para envio de tropas a
uma OMP ocorre como decorrência das negociações entre a Missão Permanente do Brasil
junto à ONU e o Departamento de Operações de
Manutenção de Paz (Department of Peacekeeping
Operations, DPKO) daquela organização, gerando
a elaboração de um memorando de entendimento
(Memorandum of Understanding, MOU), que define
as responsabilidades administrativas e logísticas
entre o Brasil e a ONU (BRASIL, 2001, p. 28).
No MOU estão definidos os equipamentos
necessários para o atendimento de saúde acordado.
Seguindo as normas da ONU, são preconizados
três níveis de unidade médica (BRASIL, 2001, p.
52) para atendimento de seu pessoal em OMP.
A unidade médica Nível 1 é constituída de oito
militares, estando capacitada a:
prover primeiros socorros e tratar doenças
comuns e infecciosas para um efetivo de até 700
pessoas e atender até 20 pacientes ambulatoriais
por dia;
realizar procedimentos para pequenas
cirurgias;
realizar tratamentos emergenciais para o
salvamento de vidas e membros;
estabilizar e evacuar vítimas para o próximo
nível de atendimento;
internar cinco pacientes por até dois dias
para monitoração e tratamento;
administrar vacinas e outras medidas profiláticas na área da missão;
realizar exames laboratoriais básicos;
formar duas equipes médicas avançadas para
prestar atendimento em dois locais diferentes;
ser autossuficiente com suprimentos médicos
por até 60 dias.
No caso da MINUSTAH, o acordo5 previu que
o CONTBRAS HAITI fosse autossustentável a
partir de 6 de dezembro de 2006 quanto ao suporte
médico Básico e de Nível 1, cabendo à Argentina
prover o Nível 2, enquadrando o atendimento
dentário e laboratorial.
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